David Harvey: mercadoria, capital, capital de empréstimo e capital fictício Notas Críticas

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Paulo Henrique Furtado de Araujo

Resumo

O artigo apresenta criticamente a compreensão de David Harvey sobre a obra O capital de Marx, destacando, em particular, a forma como o autor trata das categorias mercadoria, capital, capital de empréstimo e capital fictício. Ressalta que Harvey atribui a Marx a construção de um modelo gnosiológico sem compreender que Marx instaura uma ontologia materialista do ser social. Além disso Harvey, ao não perceber que valor é uma forma de mediação social produtora de fetiche, acaba por alternar seu entendimento de fetiche como algo próprio do mundo do capital e algo de falsa consciência ou engano sobre o mundo real. Por fim, ao tratar de capital de empréstimo e capital fictício e utilizar aquele enquadramento de modelo e essa compreensão de fetiche, termina por não apreender adequadamente o capital fictício e identificar uma insuficiência explicativa no suposto modelo de Marx.

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Artigos
Biografia do Autor

Paulo Henrique Furtado de Araujo, UFF, Brasil

Professor Adjunto da Faculdade de Economia da UFF. Área: Pensamento Econômico/Economia Política.

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