Gramsci e a política cultural: Estado, cultura e hegemonia

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Bruno Borja

Resumo

Antonio Gramsci dedicou grande parte do seu trabalho à reflexão e à atuação nos campos da política e da cultura. Nesse artigo, buscamos explorar essas duas vertentes de sua crítica ao capitalismo, focando especialmente na política cultural. Tratamos da interpretação de Gramsci sobre a relação entre o desenvolvimento histórico do Estado e a política cultural, quando se percebe como o desenvolvimento do capitalismo colocou a necessidade do Estado stricto sensu abarcar novas funções, com destaque para a função educativa, quando implementa sua política cultural e se torna um Estado de cultura. Avançaremos para a interpretação de Gramsci sobre o âmbito da sociedade civil, onde ocorre uma luta pela hegemonia através da política cultural das classes em disputa, com papel decisivo dos aparelhos privados de hegemonia, atuando para a formação do senso comum e da opinião pública.

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Artigos
Biografia do Autor

Bruno Borja, UFRRJ

Professor do Departamento de Ciências Econômicas da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ, Nova Iguaçu). Coordenador do Observatório Baixada Cultural (OBaC – IFRJ/UFRRJ). Integrante do Coletivo Marxista da Rural (MAR – UFRRJ). Coordenador da Escola Popular de Artes (EPA – UFRRJ).

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