Jorge Amado: do romance proletário ao romance histórico. Uma discussão sobre mediações da forma estética e conteúdo sócio-histórico
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Resumo
O presente trabalho pretende elaborar uma abordagem crítica acerca dos aspectos estéticos e políticos manifestos na literatura de Jorge Amado, detidamente as três primeiras obras do ciclo do cacau (Cacau, 1933; Terras do sem fim, 1943; São Jorge dos Ilhéus, 1944). Assim, pautaremos a nossa discussão partindo da especificidade de cada narrativa, como transfiguração de um conteúdo sócio-histórico determinado. Pois, a propósito de Cacau ser proletário, de Terras do sem fim ser a "épica" do "drama da conquista feudal" e São Jorge dos Ilhéus ser o "mesquinho" drama "da conquista imperialista" – como alerta o autor em suas notas introdutórias –, cremos que tais considerações perpassam pelo emergente debate de problemas sociais, políticos e econômicos do Brasil da década de 1930, constituindo, por seu turno, impasses da própria apreensão figurativa. Para fundamentar nosso trabalho, valer-nos-emos dos estudos de György Lukács (2009; 2011), Antonio Candido (1992), entre outros.
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