O Feitiço do Tempo: A crise financeira de 2007/2008 nas telas do cinema

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João Leonardo Medeiros
Marcelo Dias Carcanholo

Resumen

A crise do capitalismo, desencadeada pelo craque financeiro de 2008, é apontada por especialistas das mais variadas procedências teóricas como uma das mais agudas de todos os tempos. Explodindo no coração do capitalismo, os EUA, a crise provocou consequências sociais trágicas, como o aumento do desemprego, a pulverização instantânea de economias familiares e a perda de habitações financiadas ou refinanciadas em contratos extorsivos. Passados cerca de quatro anos, ainda não é claro se a crise foi superada ou se continua entre nós, provocando a quebra financeira da Europa. Trata-se, portanto, de um episódio histórico que, como os episódios históricos da atualidade, recebeu registro quase imediato do cinema. Três produções estadunidenses são particularmente hábeis ao expor o jogo financeiro sujo e irresponsável que funcionou como gatilho do espocar da crise: Capitalismo: uma história de amor (2009), de Michael Moore; Wall Street: o dinheiro nunca dorme (2010), de Oliver Stone; e Trabalho Interno (2010), de Charles Ferguson. O propósito do artigo é contrastar essas três produções, observando-as não como denúncias (fundamentais que são) da conduta corrupta, elitista, individualista e mesquinha dos sujeitos no comando das corporações financeiras e de seus braços estatais ou paraestatais, mas como interpretações das causas da crise. Neste contraste, o foco recai sobre a capacidade dos filmes em (1) associar a crise ao funcionamento regular do capitalismo; (2) perceber a desarticulação, no plano teórico e prático, da mobilização anticapitalista como elemento decisivo do atual estágio do capitalismo (em que a ação sem limites do capital financeiro aparentemente tem acelerado a produção de crises); e (3) vislumbrar uma superação da crise para além dos marcos do próprio pensamento conservador, hoje pendendo para as costumeiras demandas por regulação estatal.

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Biografía del autor/a

João Leonardo Medeiros, Departamento de Economia da Universidade Federal Fluminense e Pesquisador do NIEP-Marx

Graduado em Ciências Econômicas pela Universidade Federal Fluminense (1995), mestre em Economia pela Universidade Federal Fluminense (1998) e doutor em Economia da Industria e da Tecnologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2004). Atualmente é professor adjunto da Universidade Federal Fluminense. Tem particular interesse nos seguintes temas: filosofia da ciência econômica; economia e ética; teoria social; realismo ontológico; teoria marxiana; economia política; economia brasileira. Participa ativamente do Núcleo Interdisciplinar de Estudos e Pesquisas sobre Marx e o Marxismo da UFF. Divulga regularmente em eventos (congressos, seminários etc.) e periódicos nacionais e estrangeiros o resultado de suas pesquisas nas seguintes áreas: crítica da economia política; teoria social crítica; e filosofia da ciência.

Marcelo Dias Carcanholo, Departamento de Economia da Universidade Federal Fluminense e Pesquisador do NIEP-Marx

Possui graduação em Ciências Econômicas pela Universidade de São Paulo (1993), mestrado em Economia pela Universidade Federal Fluminense (1996) e doutorado em Economia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2002). Atualmente é Professor Associado da Faculdade de Economia da Universidade Federal Fluminense, Membro do Núcleo Interdisciplinar de Estudos e Pesquisas em Marx e Marxismo (NIEP-UFF), Professor Colaborador da Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF-MST), Presidente da Sociedade Latino-americana de Economia Politica e Pensamento Crítico (SEPLA) e membro da atual Diretoria da Sociedade Brasileira de Economia Política (SEP). Participa do Grupo de Trabalho "Crisis de la Economía Mundial Capitalista. Determinantes, desafíos y salidas desde una versión crítica y alternativa en América Latina y el Caribe", dentro do Programa 2013-2015 de Grupos de Trabalho do Conselho Latino-americano de Ciências Sociais (CLACSO). Tem experiência na área de Economia, com ênfase em Economia Política, Economia Marxista e Desenvolvimento Econômico, atuando principalmente nos seguintes temas: teoria do valor, neoliberalismo, vulnerabilidade externa, abertura externa, economia brasileira e américa latina.